Sobre a afabilidade e a doçura


A afabilidade e a doçura, de que nos fala o Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, no item 6, do Capítulo IX - Bem-aventurados os brandos e os pacíficos, nos convoca a uma reflexão.

A afabilidade e a doçura são qualidades, através das quais a criatura manifesta o seu sentimento de amor ao próximo.

Jesus fez da brandura, da moderação, da afabilidade e da doçura, uma lei e condenou a violência, a cólera e toda expressão ofensiva que alguém possa usar em relação a seu próximo.

Quando Jesus disse, bem-aventurados os brandos e os pacíficos, Ele quis nos ensinar regras de convivência na Terra e nos mostrar o quanto podemos tornar a nossa vida mais fácil, aprendendo com Ele a desenvolver em nossas almas esse conjunto de qualidades, que formam a virtude da mansuetude e da brandura.

E essas qualidades abrangem outras, como a paciência, a tolerância, a obediência e a resignação. Todas essas são qualidades das almas nobres, dos homens bons.

Mas nem todas as criaturas afáveis e doces são benevolentes e amam ao próximo.

Reconhecemos quando elas são de fato brandas, pacíficas, bondosas, observando as suas atitudes na sociedade e na intimidade.

Todos nós gostamos de ser bem tratados; gostamos de atenção, de carinho, de compreensão, de tolerância, enfim, de viver em um clima de amor e de fraternidade.

No entanto, para que possamos ter tudo isso, é necessário dar tudo isso aos outros; se gostamos que nos tratem com atenção, precisamos ser atenciosos com as pessoas; se queremos carinho, procuremos ser carinhosos.


Francisco de Assis nos deu o caminho, quando, em suas orações, ele pedia a Jesus: 

Ó Mestre, fazei que eu procure mais,
consolar que ser consolado,
compreender que ser compreendido,
Amar, que ser amado,
Pois é dando, que se recebe
É perdoando, que se é perdoado...


Vejam como é simples: tratar o próximo como gostaríamos de ser tratados!

No entanto, muitos ainda acham difícil manter o equilíbrio e agir com tolerância, ternura, afabilidade e doçura.

Isso acontece porque as pessoas não valorizam essas virtudes, pensando que ser bom é sinônimo de fraqueza.

Infelizmente, ainda vivemos num mundo dominado pelos violentos, em que o mal ainda predomina; um mundo onde os bons são considerados fracos.

Mas isso não é verdade e isso vai mudar.

Ser tolerante, agir com afabilidade e doçura não é sinal de fraqueza.

Seguindo esse raciocínio, nós conseguimos entender a grande sabedoria de Jesus, quando fez da brandura e da moderação uma lei, condenando toda a forma de violência, pois fomos criados para amar.

No entanto, muitos se sentem envergonhados de amar as pessoas e de olhar para elas como seus irmãos de caminhada.

Algumas vezes temos vergonha de ser educados, sentimos vergonha de agir com cortesia e com isso desprezamos as riquezas do nosso mundo interior e tiramos de nós mesmos a alegria de sermos felizes como merecemos.

Isso significa que os conceitos divinos não coincidem com os conceitos humanos e é preciso que tudo esteja muito claro em nossa mente para que possamos trabalhar esses conceitos e administrarmos com equilíbrio as nossas emoções.

Queridos irmãos: Jesus nos convida a segui-lo e a praticar o seu Evangelho.

Isso nos mostra a necessidade de autoconhecimento, porque não basta conhecermos o Evangelho se não sabemos como colocá-lo em prática no nosso dia-a-dia, na relação conosco e na relação com o outro.

O primeiro passo é saber quem somos, quais são os nossos defeitos e as nossas virtudes; a isso chamamos processo de autoconhecimento. Quando entendemos isso, a nossa transformação já começou.

Vamos então pedir que o Criador nos ilumine para que possamos buscar na oração os recursos espirituais que irão dilatar as nossas mentes para as verdades espirituais, entendendo o que precisamos fazer para completar a tarefa de nossa transformação.

Conhece-te a ti mesmo, disse Santo Agostinho, apoiado nos ensinamentos de Sócrates e Platão.

Em suas Confissões, Santo Agostinho nos ensina como devemos proceder.

Todas as noites devemos fazer um exame de consciência, analisando tudo o que fizemos durante o dia; de que forma agimos, onde erramos e onde acertamos.

A isso também chamamos reforma interior.

Desse modo, todos os dias devemos nos perguntar se fomos tolerantes; se agimos com afabilidade e doçura; se fomos pacientes com as pessoas.

E se não fomos, e se ainda temos dificuldade em colocar em prática essas virtudes, vamos usar de tolerância também conosco, pedindo forças a Deus, a Jesus e aos benfeitores espirituais para que, no dia seguinte, possamos fazer tudo certo.

Daí a importância do Vigiai e Orai.

Vigiar tudo o que fazemos, para descobrir onde estamos errando, e Orar para recebermos o auxílio do Alto.

Esse foi o Caminho que Jesus nos mostrou há dois mil anos.

Então, façamos a nossa parte e comecemos agora mesmo a transformar a Terra em um lugar melhor para se viver.

Muita Paz a todos!

Anne Marie Lanatois


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